Quando vemos a noite passar
Sem que o sono venha
É porque estamos a pensar:
Alguns em preocupações
Outros nas dores do coração.
Quando a madrugada aponta
Noite e dia se misturam
Os segredos que a ninguém se
conta
Começam a gritar em nossas
almas.
E a gente se põe a lembrar
De entes queridos que se
foram
Da leveza da infância e da
mocidade
Tudo que mora hoje na
saudade.
Ah vida linda, vida louca,
vida torta,
Que fizeste ao bater-me na
cara tua porta?
Eu que amo passarinho, chuva,
estrelas,
Flores e cheiro de terra
molhada,
Eu que tenho alma de criança
Sonho, amo e não perco a
esperança...
Eu que vivo como pastor da
noite
A escutar sonhos, gemidos
E dores de almas alheias...
Que fizeste comigo, ó vida?
Por que me negaste
O amor com que sonhei?
Por que me deixaste
Sozinha e perdida
Na noite do passado
Sentindo n’alma o açoite
Do frio cortante
Da dor e da agonia?
Engolindo as lágrimas,
Preparo a face
Para o dia que se anuncia.
Encontrarei, por fim,
Em qualquer de tuas esquinas
A surpresa e o espanto
De uma sonhada alegria?
A vida prossegue
Em cascatas e remansos.
E eu acalento a esperança
De ser plena um dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário